Entenda o impacto da disparada do dólar na tecnologia

 

No mês de março, o dólar atingiu o maior valor desde abril de 2003. Perto dos três reais e trinta centavos, foi a mais alta cotação em quase 12 anos. Tudo bem, a valorização da moeda americana é uma tendência mundial (graças ao bom momento da economia dos Estados Unidos), mas por aqui, os problemas internos e as tensões políticas também influenciaram bastante nessa disparada. 

No Brasil, dólar mais alto é sinônimo quase imediato de preços mais salgados; principalmente quando se fala em eletrônicos. 

Para quem vai viajar, o momento é de cautela – mais ainda se for gastar no cartão de crédito. Em viagens, muita gente acaba se empolgando e não faz as contas muito bem; apenas converte o preço multiplicando pelo dólar do dia e pronto. Mas é preciso atentar para outros detalhes na hora de comparar o preço no Brasil e no exterior…preste atenção. 

Mais do que isso, se as compras forem feitas no cartão de crédito, é preciso lembrar que essa alta flutuação do dólar pode fazer uma diferença grande no seu bolso na hora de pagar a fatura. Se você, por exemplo, comprar um equipamento de 500 dólares e naquele dia o dólar estiver cotado a três reais, sua conta é de que estaria gastando mil e quinhentos reais, certo? Mas se por acaso a volatilidade do dólar levar o câmbio para três e cinqüenta no dia do fechamento do seu cartão, sua compra já terá um acréscimo de 250 reais. 

Muita gente também compara apenas preços e não condições. Na maioria das vezes, produtos adquiridos no Brasil podem ser parcelados em 10 ou até 12 vezes dependendo da situação. 

Neste patamar acima dos três reais, o interessante é que alguns produtos importados podem até sair mais baratos se adquiridos por aqui mesmo – pode acreditar. Isso acontece pelo fato de que muitos dos produtos foram adquiridos antes da alta do dólar e estão em alto estoque, o que os torna, pelo menos por enquanto, mais competitivos. É uma estratégia que algumas empresas adotam para aproveitar o momento. 

Bom, neste cenário cheio de incertezas, a pergunta de um milhão de dólares é uma só: o que vai acontecer? Onde vai parar esse dólar? 

Mas, esse é só um lado dessa história. Tem também o lado das empresas. Dólar mais caro significa, também, que o Brasil ficou mais barato para empresas de fora que querem investir por aqui. Teoricamente, haveria mais incentivo para que produtos que hoje são importados pudessem ser fabricados localmente. Mas, há outros problemas no meio desse caminho. Um dos principais é a lei trabalhista brasileira, que torna as contratações mais caras que em outros lugares do mundo. Outro é a questão da infra-estrutura: tudo é mais complicado e caro por aqui. 

Outra consequência dessa mexida no câmbio tem a ver com o comércio eletrônico. Já há algum tempo, os brasileiros se tornaram alguns dos maiores clientes de sites como o AliExpress – que é parte do gigante chinês Alibada, que recentemente chamou a atenção do mundo com uma das maiores aberturas de capital da história das bolsas dos Estados Unidos. Com o aumento do dólar, comprar produtos direto da China pelo AliExpress -ou outros similares – também ficou mais caro. É verdade que, em alguns casos, ainda vale a pena, mas é preciso pesquisar bastante, levar em conta o imposto de importação, o frete, e, é claro, o novo valor das verdinhas…. E aí dá para enxergar outro efeito negativo dessa valorização: consumindo menos lá fora, o Brasil também perde relevância como um mercado atrativo – o que pode voltar a nos distanciar dos lançamentos na área de tecnologia, por exemplo. Hoje, muitos produtos são lançados quase simultaneamente aqui e em países desenvolvidos. Com a queda esperada no consumo, esse cenário pode mudar. 

Fonte: Olhar Digital