A cidade paraense que é considerada berço dos hackers ‘banker’ do Brasil.

A cidade paraense que é considerada o berço dos cibercriminosos do Brasil.

O berço brasileiro dos crackers banker. O lugar onde nasceram os piratas de computador no Brasil. Estamos na cidade de Parauapebas, Sudeste do Pará. distante 652 km da capitalBelém.

No inicio dos anos 2000, Parauapebas-PA foi várias vezes alvo de ações da Polícia Federal. A maioria dos cibercriminosos presos, como de praxe foram soltos voltaram a cometer o mesmo tipo de ataque virtual.
É o caso do cracker Adalberto Monteiro de Oliveira, o Sarita, e da mulher dele, Monique Soares. Os dois, eram foragidos da Justiça. Ela, já tinha sido presa duas vezes. Ele, três vezes na época, ao ser abordado pela polícia (em 2005) Adalberto teria resistido a prisão e foi baleado, fugiu e ambos foram presos novamente em 2006. Nesse sentido podíamos perceber a fragilidade de leis para a internet desde sempre.
Pioneiro cibercriminoso bancário
Fábio Florêncio Silva, considerado o primeiro hacker banker do Brasil foi preso (já tinha sido presos duas vezes antes) em Parauapebas no ano de 2005, assim como Adalberto eMonique, ele também foi preso e solto outras vezes. Com ele foi apreendido na época um carro deR$ 100 mil comprado, segundo a polícia, com dinheiro dos golpes. Fábio Florêncio Silva teria trabalhado como técnico da Vale do Rio Doce em Carajás (em 1999) juntamente com Ataíde Evangelista (outro cibercriminoso) conhecido na época como “Gênio da Informática”, que automatizou o programa hacker “Disney” e causaram prejuízos em diversas instituições bancárias (ao menos 100 milhões), os golpes virtuais teriam começado no Banco Itaú em 1998 e durou até2000, quando ele reforçou a segurança. Depois foi a vez do Banco do BrasilCaixa Econômica dentre outros bancos.
“Esse dinheiro escorrega da mão da gente como se fosse água. A maioria destrói em farras, noitadas”, dizia Fabio.
“Existem vários Ataídes cometendo o mesmo crime”, disse Ataíde ao ser preso em Marabá-PA.
 
Bancos tinham medo de vazar informações
Em uma época que a internet era muito insegura os bancos temiam que suas imagens fosse jogadas na lama, e dificultavam o trabalho da polícia escondendo fatos e com isso ajudando indiretamente os cibercriminosos.
Modo de agir dos cibercriminosos de Parauapebas

A organização cibercriminosa da cidade paraense era comandada por Antônio Francisco Fernandes de Souza, que solicitou a criação dos programas de computador capazes de roubar dados, e os amigos Fábio Florêncio Silva (que já praticava crimes informáticos e era recrutado sempre por quadrilhas virtuais) e Ataíde Evangelista que usava seus conhecimentos técnicos.

O que interessava a quadrilha interestadual de cibercriminosos com base em Parauapebas-PA, era número de conta bancária e senha de cartão – 20 milhões era o número de brasileiros cadastrados para acessar bancos por computador na época –. Para dar o golpe, o pirata manda um e-mail. Um correio eletrônico, com um texto chamativo. Em busca de mais informações, a vítima clica no endereço sugerido. Aparece então a tela falsa, com espaço para numero de conta e senha. Os dados que a vitima envia vão direto para o computador do pirata. (Golpe usado até os dias atuais).

O piratas também atacavam usando um programa espião, conhecido como Cavalo de Tróia. Pelo e-mail, ele mandava uma mensagem com um arquivo anexado. Uma foto, um cartão virtual por exemplo. Quando o e-mail é aberto, o espião se instalava, captura tudo o quer for digitado e manda para o pirata, inclusive conta e senha, assim que a vitima acessa a página verdadeira do banco. (Também usado até hoje).
Cada programa de invasão era vendido por até R$ 15 mil.
Quem comprava o programa invasor era conhecido como pirata. É ele quem disparava (phishing) e-mails à caça de vítimas. Da quadrilha também fazem parte os aliciadores – os que atraem clientes de bancos para participar do esquema. Na conta desses clientes era depositado o dinheiro desviado de vitimas.
Quarenta clientes de bancos que emprestaram contas responderam a inquérito em São Paulo na época.
 
“De 10 a 20% do valor que seria creditado na conta corrente era destinado para esse titular da conta que emprestava, alugava cartão e senha bancária”, disse Fábio Alcântara, delegado.
Na época não existia uma lei específica para crimes de internet, Fábio Florêncio, o homem que implantou os golpes eletrônicos, respondeu por furto e formação de quadrilha.
 
“Não aconselho ninguém a fazer isso não. O futuro é isso aqui”, falava Fábio.
As operações que caçaram os crackers de Parauapebas.

A primeira operação ocorreu em 2001 denominada de ‘Cash Net‘ surpreendeu os habitantes da cidade paraense, nunca uma operação do tipo tinha sido realizada. Em 2003 ocorreu a operação ‘Cavalo de Troia‘ e em 2004 a ‘Cavalo de Troia II‘ aconteceu também em outros estados, já que os cibercriminosos de Parauapebas fugiam para outros lugares.

A partir dessas ações também surgiram outros desdobramentos como as operações ‘Pégasus I e II‘ em 2005 e ‘Replicante‘ em 2008.

Curiosidades
 
Os habitantes de Parauapebas chamavam os crackers de ‘batatas’ porque alguns mal sabiam operar o Windows e criaram o site batatas.com para se comunicar.
 
Na época não havia leis específicas para crimes virtuais, os presos eram soltos e voltavam a praticar os crimes.
 
Pará, Maranhão, Ceará, Goiás, Piauí e Tocantins eram os estados de ondem agiam a quadrilha.
 
De 80 a 100 milhões é o tamanho estimado do prejuízo dado pelos crackers paraenses (os números não são precisos).
 
Vários menores de idade foram presos, e a idade média dos adultos era de 20 a 25 anos na época.
 
Muitos crackers usavam lan houses para praticar seus crimes.
 
Wellington Patrick Borges Souza foi preso novamente em 2011 após criar uma nova quadrilha de criminosos virtuais bancários, ele era integrante da quadrilha que foi presa em 2004 na operação cavalo de troia. 
 
Ataíde Evangelista era um ‘robin hood virtual’ chegava a roubar de um para dar a outro ‘necessitado’. Não tinha curso superior na área de TI era um autodidata.
 
As vítimas começaram a sugerir a contratação de hackers para defender os bancos.
 
Em 2007 a justiça condenou 65 integrantes da quadrilha em primeira instância. Fábio Florêncio Silva pegou 19 anos, Adalberto Monteiro pegou 12 anos e Ataíde Evangelista pegou 17 anos e o ‘chefe’ da quadrilha Antônio Francisco Fernandes de Souza pegou 21 anos de prisão.

Os crackers de Parauapebas-PA foram os primeiros a serem condenados por crimes virtuais no Brasil (2007), abrindo caminho para punir fraudes virtuais.

Até hoje (2017 ano que foi feito essa matéria) a polícia continua prendendo crackers oriundos de Parauapebas (Cidade prodígio?) vide operação Stalker realizada em Julho de 2017.

A partir dessa organização cibercriminosa que surgiu em Parauapebas/PA, diversas outras surgiram pelo Brasil.